69 palavras 43 Hic, nunc

Hic, nunc

Como pensar no presente ? Parece ser a pergunta que se fazem em comum Pascal Cribier e Peter Latz. Para um, no projeto de reabilitação do jardim mais famoso da França, o contrato implicava a inclusão no jardim de uma escultura contemporânea especialmente encomendada. Quanto a Cribier, em perfeita colaboração com o autor Giuseppe Penone, ele soube situar a obra, criando para ela o estojo/cercado que lhe dá vida. A obra não é mais colocada, como tantas outras, em cima de um paninho rendado, no meio da prateleira de uma lareira de mármore. Obra e cercado vivem pelo outro. A vegetação afaga a árvore de bronze com raro equilíbrio, revelando uma concepção do espaço infelizmente pouco adotada desde então. Para Latz, pensar a criação de um jardim no meio de siderúrgicas abandonadas decorre da mesma necessidade. Ao conservar partes inteiras dessas ruínas industriais, dá ao vegetal um poder de diálogo com a história do território. Ao ordenar o vaivém do olhar no meio do desastre humano, deixa ecoar duas temporalidades que cadenciam os princípios da evolução.