69 palavras 49 O desígnio do desenho

O desígnio do desenho

”...Se nossos mapas de canteiros são milimetricamente traçados, é para revelar a beleza íntima do vegetal. Essa obsessão das franjas e dos limites vem do fato de que estão entre os critérios que diferenciam jardim, natureza e paisagem. Se a natureza não tem tamanho e existe em todas as escalas espaciais e temporais, se a paisagem também é sem limite, já que pode até virar marítima, o jardim inscreve-se numa parcela definida e sempre procura parecer maior do que é realmente. Nesse sentido, o jardim não é em nenhum caso uma redução da paisagem. É o local onde nos deixamos absorver pela contemplação do mundo vivo efêmero.” Pascal Cribier. Itinéraires d’un jardinier Xavier Barral Ed. Paris, 2009. Entre todos os saberes, existe um que diferencia particularmente o paisagista : o do domínio do espaço. É graças a essa excelência que o jardim pode se transformar de território para o olhar em área de circulação e de lazer. Saber ordenar os volumes, determinar neles as massas necessárias com precisão, estender uma curva no seu traçado, cavar perspectivas e compor ritmos graças ao conhecimento das plantas, são imperativos que ordenam a sinfonia do mundo vivo que o visitante interpretará seguindo uma partitura escrita com a elegância suficiente para viver o encantamento que emana dele.
A estrutura determina o futuro do jardim mais ainda que a harmonia das espécies. Se o desenho for frágil demais, seu ser profundo terá muita dificuldade em manter-se intacto.