Ao ar livre

Ao ar livre

Indevidamente atribuída a Le Corbusier por uma lenda ufanista, a Embaixada da França em Brasília traz a assinatura do seu escritório no espírito, e a do chileno Guillermo Julian no tratamento final do conjunto. Corredores de concreto moldado, pátios, átrios, balaustradas misturam-se e entrecruzam-se ao ritmo das utilizações, favorecendo a circulação do ar e da luz numa arquitetura da intimidade que, deliberadamente, dá as costas à grandiloquência de Brasília. Dos jardins da residência particular da Embaixada aos espaços de circulação que levam aos escritórios, o vegetal investe qualquer interstício, ainda estarrecido por ter deixado conquistar tão vasta porção do seu território original. Espichadas para os céus atormentados do planalto, voltadas para o infinito, as espécies recusam-se a abdicar diante do concreto que veio perturbar de forma irremediável seu sonho de grandeza.